e eu leio as notícias da manhã
e eu vejo jovens brincando de passado.
e se apresentam aos meus olhos
a exaltação do presente,
mas não um presente vivo,
mas um presente futuro, morto,
nati-morto.
não posso dizer não,
não posso dizer sim,
não tenho qualquer voz,
tenho apenas meus passos
misturados aos da multidão.
passos sem marcas,
passos sem pés, sem som,
passos no abismo.
e o que é a verdade?
e o que julgo ser a verdade?
que certeza posso ter da verdade?
não posso dizer não,
não posso dizer sim,
posso apenas mentir
e dizer obrigado,
que volte sempre,
mas que nunca mais vá embora.
