quarta-feira, 30 de maio de 2012

antilogia poética II

III.
O tempo nos mostra como ele é, ou melhor,
o que ele faz, com o auxílio da tecnologia.

Como quando a gente acelera o vídeo,
e as pessoas e suas vozes ficam miúdas,
finas, indistinguíveis e indecifráveis.

O tempo faz isso;
transforma nossas palavras em assovios.

IV.
janelas são espelhos
sem fim,
mas portas são espelhos
distantes.

I.
enquanto isso, eu tenho
este grande pressentimento
de que esta avenida só se movimenta
quando eu me movimento.

II.
Ventou forte na gaiola,
na vida também,
que chacoalhou ela e o pássaro,
que devolvia ao mundo seu alpiste,
agora de outra forma.

Ventou que a outra forma voou
pra fora da gaiola, e caiu no chão.
jaz uma bosta livre.

domingo, 27 de maio de 2012

today never knows

era uma dessas noites vermelhas, ou amarelas,
que a gente não vê na novela ou cinema,
porque todos os poetas, menos os menores,
 aceitam que nelas não há poesia,
se nem tristeza ou alegria,
que beleza se encontraria?

você me dizia que há saída, ou mais de uma,
que dá pra fazer, que é só esquecer
a agonia de viver na desarmonia
da dualidade do ser.

 mas eu quase não acredito, ou não acreditaria,
não fosse o sonho da noite seguinte, mentira,
do dia. Que dia,

não fosse o cansaço, ou qualquer traço
de só, de sol, de dó, de noite escura,
eu teria a ventura de ficar,
mas não há meio, não há modos,
não há maneiramanhã é segunda-feira, e depois não é mais.

Eu não sei se quero paz,
ou se peço por mais
tempestade.