sexta-feira, 28 de junho de 2013

me mudei de endereço, aos que ainda estão ouvindo:

http://spamoufraude.tumblr.com/

hehe

quinta-feira, 27 de junho de 2013

o que não se sente selvagem ao concreto

qual é o significado da vida?
é procurar a felicidade no café-da-manhã
ou nos vidros do carro na chuva
dormir no inverno piscina no verão
cerveja na praia camarão limão?
qual é a medida da felicidade?
cientistas ainda não mas um dia vão
tentar inventar um empirismo da alegria
a tecnologia
nos guia e embriaga
nos livra e entrelaça
mas isso já tem pouco a ver

quem inventou a tristeza?
você mesmo o psiquiatra
o médico a televisão o comercial do pão-de-açúcar
e outra coisa
o que tanto importa?

que  não se atrase não se envergonhe
não se mostre quem não é
que se esqueça de onde veio
que acabe sofrendo na hora da morte
ou se acabe sofrendo na hora da vida
se será curta ou comprida
como se fosse sentir todo dia toda a dor dos dias

se Por onde anda há noite ou medo de morte
lembra de quem abandonou ruas e pavimentou caminho
de quem cedeu os passos às rodas
quem consentiu a quem proibiu de pisar na grama
Por vagar em cidades sujas e não olhar pro chão
mete o pé pelas mãos

quarta-feira, 12 de junho de 2013

o novo contrato

como esquecer a dor dos ossos
entre a cama e o sofrimento da estrada (?)
dos dedos despedaçados
: a mão é simplesmente o ato.

 mas apenas cobre o corpo estendido
como os dois filhos de noé cobriram o pai
embriagado e nu
repousado em um sono maior que a vergonha
até que enfim.

 o que nossa carne tem a dizer enquanto dorme?
nos corredores dos hospitais de porta em porta
a carne não diz nada
e apenas gritam levianas pouco a pouco as maquinarias
de quando a vida se simplificou na continuidade de um som invariável
e o que responde a carne?

não, não está fatigada e não está morta
não importa se tem feridas abertas ou cicatrizes
a sua cor não se expressa, o seu tato não sente
o corpo foi abandonado e, como tudo, se fez técnica
é encarnação de outra coisa, não se representa

o sangue não é mais corpo
é um erro
de quando o humano escolheu ser máquina pra tentar não morrer

domingo, 9 de junho de 2013

o fim que quero no fim das contas

todo mundo sabe o que é pôr a própria alma em um único disparo de qualquer coisa
seja quando meu pai meu irmão eu pusemos toda a nossa alma em nossa mãe
quando das vezes que quis alguém enquanto a mente tentava achar motivos
a alma já estava toda solta e disposta
e projetada
e eu fui me jogar
e me arriscar
e nos jogamos e nos arriscamos
e às vezes se vira o pescoço e olha pra trás
só pra ver
e como sempre é só um caminho
como só é a frente
onde ficaram os riscos e frutos?
sinto dessa vez que a inércia é um fardo que tenho por família
nós fadados não ao fracasso não ao sucesso
mas à inércia, e eu que só, vago
capenga trançando as pernas torto
num fio de navalha cega
nunca nos sobra uma questão de sim ou não
nunca nos sobra uma decisão
não nos diz respeito, não é nossa parte
e eu quero tomar parte
e eu vou lá e decido porque
vivo pela semana como um inseto pelas folhas
vivo pelo tempo por si só
todo instante tratado como instante
e o frio trás a tristeza
e a tristeza evidencia a solidão
e não há almas vazias
não há corações duros
há só vergonha
vergonha
que nos volta os olhos pra dentro quando não era pra ser
e saber quem você é não adianta nada
porque quem é já está morto
nós estamos sendo
e saber quem você está sendo só impede de ser
estou impedido de ser
sei que estou sendo impedido de ser
por mim mesmo
"a cura pela fala" explicam o simples
faça o simples
mas na real,
eu seco e quanto mais tento ouvir george harrison me dizendo pra abrir meu coração
não sei nem o que sinto
não sei nem se quero
mas na real
ainda são apenas sete horas da noite
e levo a fossa na mesma bossa
esse não é o fim que quero no fim das contas