domingo, 9 de junho de 2013

o fim que quero no fim das contas

todo mundo sabe o que é pôr a própria alma em um único disparo de qualquer coisa
seja quando meu pai meu irmão eu pusemos toda a nossa alma em nossa mãe
quando das vezes que quis alguém enquanto a mente tentava achar motivos
a alma já estava toda solta e disposta
e projetada
e eu fui me jogar
e me arriscar
e nos jogamos e nos arriscamos
e às vezes se vira o pescoço e olha pra trás
só pra ver
e como sempre é só um caminho
como só é a frente
onde ficaram os riscos e frutos?
sinto dessa vez que a inércia é um fardo que tenho por família
nós fadados não ao fracasso não ao sucesso
mas à inércia, e eu que só, vago
capenga trançando as pernas torto
num fio de navalha cega
nunca nos sobra uma questão de sim ou não
nunca nos sobra uma decisão
não nos diz respeito, não é nossa parte
e eu quero tomar parte
e eu vou lá e decido porque
vivo pela semana como um inseto pelas folhas
vivo pelo tempo por si só
todo instante tratado como instante
e o frio trás a tristeza
e a tristeza evidencia a solidão
e não há almas vazias
não há corações duros
há só vergonha
vergonha
que nos volta os olhos pra dentro quando não era pra ser
e saber quem você é não adianta nada
porque quem é já está morto
nós estamos sendo
e saber quem você está sendo só impede de ser
estou impedido de ser
sei que estou sendo impedido de ser
por mim mesmo
"a cura pela fala" explicam o simples
faça o simples
mas na real,
eu seco e quanto mais tento ouvir george harrison me dizendo pra abrir meu coração
não sei nem o que sinto
não sei nem se quero
mas na real
ainda são apenas sete horas da noite
e levo a fossa na mesma bossa
esse não é o fim que quero no fim das contas

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