gil-len-gen-dren-gil-rou-xi-nol

do que falam, passarinhos?

talvez da cor do céu

ou que o canto anda sufocado

cinzento seco amargo

sua doçura ficou no verde

pensaram que o azul seria o suficiente

mas melodias não mudam de tom

bethena

uma dança nua nu

sob a lua e um piano

brilham iguais gotas

notas de luz em mim

agora aceito,

de uma vez por todas

aceito,

aceito.

mitologia à grega

coei café com o monte olimpo

virado do avesso

a grécia de homero chorou:

todos os deuses morreram escaldados

só restou dionísio

bêbado, se perdeu no caminho

e dormiu no parthenon

sorte dele que eu não quis palmitos

zero

é estranho ver
00:00 no relógio

dá vontade de ligar o cronômetro

ou deixar o tempo parado

pra sempre correndo

sem tempo

primeiro

abri meu corpo

com uma faca d'água

nada saiu, não porque sou vazio

mas porque o fogo me cicatrizou

logo depois de ter me enchido de calor

agora meu corpo fechado

não me guarda apenas,

abriga a melodia de um amor em lá.

rodapé

o importante é

que você leia

nossa escuridão

para ver como

brilha a lua

al

uma carta ao rei:

"favor comparecer

ao banquete de nosso reino

serviremos frango, pizza e

sua filha

levar uma vasilha"

resposta do rei

"não vou comparecer

motivo:

preguiça

e minha filha é uma vagabunda

obs.: enfia a vasilha no cu"

a cueca de poseidom ou 67 poemas porque eu gosto desse número

sinto frio
está quente como o apocalipse
mas sinto frio
e não sinto medo
sinto frio

sinto que o tempo é
só uma consequência da culpa
e da esperança
e o espaço
é falta de sonho
literal e nãomente

o que se passa, jesus?
ele não faz ideia
não fazia

isso foi quando napoleão
virou um signo do zodíaco
e deixou seu nariz pra trás

adeus, ele disse
e embarcou na traquéia azul esquecida
da cueca de poseidon



a vida é uma debutante
a vida é uma ranzinza
a vida é uma azeda
a vida é mal falada
mas ela nem liga
e continua andando como se não fosse com ela,
vadia


debaixo dos treze anéis de júpiter
tem uma unha corroída pelo tempo
que se chama aurélia herelvina III

quarta-feira ela foi passear
e levou mil anos-luz pra dar a volta no shopping
no shopping buraco branco

e depois ainda deu uma parada no bingo
no bingo celestial
e ganhou um frango recheado com sputnik
e um pedaço da columbia

fiquei com medo do ridículo e vou parar.

Diálogo Metafísico

- Os alquimistas estão entre nós.

- Somos os deuses astronautas.

(meu e de j. guilherme de http://prypiat.wordpress.com/)

o prazer secreto das pessoas que fecham o refrigerante com força

o prazer secreto das pessoas que fecham o refrigerante com força
é uma raiva canalizada com uma desculpa pré-articulada
cometida por aquelas pessoas que arrastam sacolas pela cidade
com aquela cara de dó de programa de domingo à tarde

o prazer secreto das pessoas que fecham o refrigerante com força
é o único prazer delas
é talvez a única vez em que são sinceras
puramente sinceras

minha vida é um longa em plano-sequência

com todos os erros filmados

e com algumas cenas esquecidas

difícil é saber quem quer contracenar

e quem só quer seu nome nos créditos

a estranha esperança que ecoa dos motores

viva a sombra do dia

viva a morte das estrelas refletida em olhos semi-nus

viva a pesada atmosfera de domingo, todos os domingos

viva a essência verde-azul

tal é a vida,

viva a quarta

e a quinta de beethoven,

morto beethoven

viva a vivacidade dos sapos

pulando pelos paralelepípedos

cercados pela água da chuva

desviando dos carros e motos

procurando asilo no esgoto

viva os passos, os saltos

dos sapos, vivos sapos

estrelas eou prédios

não sei se eu vejo coisas

ou se as coisas me vêem

, ou então

se estamos todos cegos

ou até

xse as luzes estão apagadas

ixnão sei se sou fraco

iou se tudo tá muito forte

xxpode ser que tudo esteja neutro

pode ser que nem tenha nada

às vezes até me pergunto do que estou falando

só as vezes em que falo

falo demais

xnão

xxxiachei o que fazer

xdescobri por acaso

deus é o acaso?

não sei, se for

foi por acaso

se é

não vai ser

por um tempo

xitempo

pronto

agora eu sou um deles

minto

agora eu sou um

grito

agora eu sou

rio

agora eu

frio

agora

rio

II

fábricas

fumaças

fazendas

feridas

festas

futebol

freiras

farmácias

e uma imensa coluna

de mármore lisa

e filada

por um deus bêbado

ele sim é o acaso

nosso deus

a cor da verdade

essas manias sérias de poetas
aquêle (sic), "aquelas" aspas

xxxxxxxxxxxxxxxxxxx[esse colchete

eu também nunca entendi

parece que fazem por gosto

parece que todos eles entendem

e ficam rindo um com o outro

quero ver quem tem a coragem de dizer

"desisto"

no meio de um poema

cambalhotas

minha missão é derrotar todas as moles incertezas

e transformá-las em sólidas dúvidas

eis aqui o ministério da fé

sonho um dia perceberem

que o mistério da fé

jaz abaixo de suas velhas batinas

hoje fui assaltado

eu não tinha nada

levaram tudo

fiquei sem identidade

e pela primeira vez

me senti livre

livre

livre

a cueca de poseidon

a fila agora é só na tela

sentados assistem-se em números

que bonita visão da vida

eu começo a ficar mais intuitivo e

mais sincero e mais receptivo

já tenho até uma cueca da sorte

a cueca de poseidom

ou não

a cueca de poseidom

ou don

ninguém sabe

nem eu

nem augustus

respondemos por ninguém

e por quem quer que seja

desde que também não saiba

e desde que não seja um zé

ou seja

ou não

ou dom

e então quebrei o céu com o dente