segunda-feira, 14 de junho de 2010

relógio de Dalí (ou a orelha)

o sol nascia
e se via o degradê
do céu
mexendo a cabeça.

eu me sentia
ao contrário de você
como um relógio
de Dalí.

derretido pelo
ar-condicionado
cozido
(tava bem quente)

aliás, tava frio
bem frio
fora do carro
dentro tava quente (bem quente)

e eu me derretia
e você só ria
contive meu rosto
nas minhas mãos geladas

todos riam
e eu não entendia nada
minha orelha pingava
caía, era uma febre forjada

ai cheguei enfim
o frio voltou
meu rosto esfriou de volta
e você se calou.

peguei o violão
bati no portão
adeus, meus irmãos,
depois devolvam minha orelha
perdida em algum lugar - não pisem! -,
no chão.

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