quarta-feira, 22 de setembro de 2010

cativante simplicidade

um dia perfeito
desperdiçado
perfeitamente desperdiçado
e ainda
foi preciso ver
a lua amarela
pra saber que se tratava de um sonho
foi precisa a noite
pra tentar salvar o dia
e acabou

um dia perfeito
em fórmula de dia
acabou sendo
monótono em vida
ninguém fez nada

e eu que desejava
pisar no barro
e sujar as solas
palmas
se perder no mato
descalço
perdi o dia
perfeito dia

e ainda
foi preciso uma ficção
pra saber que a realidade
estava presa
talvez seja esse
o grande segredo dos livros
guardar a vida
em grades horizontais de palavras

talvez seja esse grande segredo
que nos leve ao nosso grande segredo
ao grande segredo de cada um
olhar as grades no papel
e se ver refletido na ficção
digo,
a ficção está livre
quem está preso é você

mas não há leite derramado
que não azede
a perfeição do dia não se dá pelas janelas
muito menos pelo céu
se dá pelo barro, mato, lua amarela
ou até quaisquer outras coisas
essas todas que eu gosto de lembrar
perfeitamente como
de cativante simplicidade

2 comentários:

  1. sinais do apocalipse:

    milimetropolis em fuga da metropolis...
    em exôdo urbano.

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  2. Poema de boas-vindas à primavera? Eu acho q é sim!

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