terça-feira, 1 de junho de 2010

Poeta

xxxxxxxxTijolos apontam para o céu
xxxxxxxxenquanto
xxxxxxxxos galhos secos
xxxxxxxxde uma árvore
xxxxxxxximitam uma antena de tevê.

xxxxxxxxse eu fosse reunir todas as vezes em que esperei
xxxxxxxxem uma vez só, eu esperaria para sempre.
xxxxxxxxporque cada espera é infinita enquanto
xxxxxxxxo esperado não chega

xxxxxxxxmas quando chega
xxxxxxxxtoda a espera é ignorada, e um sorriso se abre co-
xxxxxxxxmo uma cortina... e o tempo de espera... ah o tem-
xxxxxxxxpo de espera é ignorado como a sombra é pelo sol
xxxxxxxxe a luz que vieram da janela.

xxxxxxxxagora eu espero
xxxxxxxxmartelando teclas como num piano
xxxxxxxxsorrio. . . em falso

xxxxxxxxdurante tudo isso,
xxxxxxxxas árvores não cessam de dançar com o vento
xxxxxxxxo vento guia... “tira a mão deste galho, tarado!”
xxxxxxxxguia como um velho perverso guia a daminha de honra
xxxxxxxxno casamento do sobrinho da capital
xxxxxxxxque não via desde o dia em que nasceu

xxxxxxxxenquanto eu espero e as árvores são assediadas pelo
xxxxxxxxvento, no mesmo casamento,
xxxxxxxxum filho se explica para a mãe
xxxxxxxxdesesperado pelos seus sonhos,
xxxxxxxxe a mãe desesperada pelas suas finanças

xxxxxxxxmãe, eu não arranjei um emprego
xxxxxxxxmãe, eu não passei em nenhuma faculdade
xxxxxxxxmãe, eu não tenho uma namorada
xxxxxxxxmãe, eu não tenho um futuro
xxxxxxxxmas, mãe,
xxxxxxxxeu virei um poeta.

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